A companhia aérea Gol estreou nesta semana uma nova categoria de passagens que promete gerar debates entre passageiros frequentes. A nova tarifa, chamada de Basic, elimina o direito à bagagem de mão, permitindo apenas um item pessoal, como mochila ou bolsa, a ser acomodado debaixo do assento à frente do viajante.
A mudança vale inicialmente para voos internacionais com origem no exterior, operados pela própria companhia, além de um trecho específico que parte do Rio de Janeiro em direção a Montevidéu, no Uruguai. A decisão segue tendência já observada em companhias concorrentes, mas marca um movimento inédito dentro da malha da Gol.

Como funciona a tarifa Basic
Na nova modalidade, o passageiro pode levar somente um item pessoal de até 10 kg, respeitando as medidas de 32 cm (largura), 22 cm (altura) e 43 cm (profundidade). Essas dimensões já eram as aplicadas em outras tarifas, mas agora passam a ser a única opção gratuita para quem adquirir a classe Basic.
Para levar uma bagagem de mão padrão, o cliente precisa migrar para a tarifa Light. A diferença de preço varia conforme a rota: de Buenos Aires a São Paulo, por exemplo, o acréscimo é de R$ 58,45. Em voos de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o valor extra chega a R$ 125,58. Já de Córdoba para São Paulo, a cobrança é de R$ 87,67. Em voos de Miami a Brasília, o custo é de R$ 54,63.
Exemplos de preços em diferentes rotas
O valor adicional varia bastante conforme o ponto de origem. Nas simulações realizadas em rotas para São Paulo e Brasília, foi possível observar que o acréscimo para ter direito à mala de mão acompanha a distância e o mercado envolvido.
No caso da rota Rio de Janeiro – Montevidéu, a diferença registrada foi de R$ 109,26. Segundo especialistas, a variação tende a seguir um padrão por região, sem influência direta de outros fatores, como sazonalidade ou datas específicas de viagem.
A estreia da tarifa Flex
Além da Basic, a Gol lançou também a Flex, válida em trechos internacionais com origem tanto no Brasil quanto no exterior. Diferente da nova categoria mais restritiva, a Flex inclui vantagens como acesso a assentos Gol+ Conforto, possibilidade de remarcação ou antecipação de voos sem cobrança de taxas e direito ao reembolso antes do embarque.
Em simulações, a Flex se mostrou entre R$ 128 e R$ 518 mais cara que a Basic, dependendo da rota escolhida. A política de alterações da companhia costuma cobrar de US$ 150 a US$ 180 em remarcações internacionais ou até 100% do valor da tarifa, o que reforça a atratividade dessa nova opção para quem busca flexibilidade.
Mudança no padrão das tarifas
No mercado doméstico, a Gol mantém três categorias principais: Light, Classic e Flex. Anteriormente, esses nomes eram Light, Plus e Max. A mudança de nomenclatura busca alinhar as tarifas nacionais ao modelo internacional, que agora passa a contar com cinco opções distintas.
Para voos internacionais, o passageiro pode escolher entre Basic, Light, Classic, Flex e Premium Economy. Antes da mudança, apenas três modalidades estavam disponíveis: Light, Plus e Premium Economy. Todas as passagens adquiridas sob regras antigas continuam válidas e serão respeitadas pela companhia.
Comparação com concorrentes
As demais companhias que atuam no Brasil também apresentam políticas próprias. Em voos domésticos, tanto Azul quanto Latam permitem levar bagagem de mão independentemente da tarifa. A Azul aceita malas de até 10 kg, enquanto a Latam autoriza volumes de até 12 kg.
Em rotas internacionais, a Latam já havia lançado, em 2024, sua tarifa Basic, que também restringe a bagagem de mão, permitindo apenas um item de até 10 kg sob o assento. A prática chegou a ser questionada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que solicitou esclarecimentos da companhia. A Azul, por outro lado, continua permitindo malas de 10 kg no compartimento superior da cabine, além do item pessoal.
Impacto para os passageiros da Gol
A decisão da Gol reflete um movimento crescente de segmentação tarifária, no qual as companhias oferecem preços iniciais mais baixos, mas restringem serviços básicos que antes eram incluídos. O modelo é inspirado em práticas das chamadas companhias low-cost, bastante comuns na Europa e América do Norte.
Para o consumidor, a medida exige atenção redobrada no momento da compra, já que o valor inicial pode parecer mais atrativo, mas custos extras surgem caso haja necessidade de bagagem. Especialistas recomendam simular todos os cenários antes de escolher a tarifa, especialmente em viagens mais longas.
Resumo das mudanças
Antes
Voos domésticos: Light, Plus e Max
Voos internacionais: Light, Plus e Premium Economy
Bagagem de mão: incluída em todas as tarifas
Agora
Voos domésticos: Light, Classic e Flex
Voos internacionais: Basic, Light, Classic, Flex e Premium Economy
Bagagem de mão: não incluída na Basic
Atenção ao consumidor
A criação da tarifa Basic é considerada uma aposta arriscada, já que pode gerar insatisfação entre passageiros que não acompanham de perto as novas regras. Como a bagagem de mão gratuita já era um padrão consolidado, a mudança deve provocar discussões entre entidades de defesa do consumidor.
Até o momento, a Gol não detalhou se a modalidade será expandida para voos domésticos no futuro. A expectativa é de que o desempenho comercial e a reação do mercado determinem os próximos passos da companhia.
