A Latam implementou uma nova diretriz que tem provocado forte repercussão entre os passageiros brasileiros. A companhia decidiu restringir o uso do banheiro localizado na parte dianteira de suas aeronaves de corredor único – modelos Airbus A319, A320 e A321 – exclusivamente aos viajantes acomodados nas primeiras fileiras da cabine, na Premium Economy. Com isso, quem quiser ter acesso ao toalete frontal precisará, na prática, adquirir uma tarifa mais cara.
A medida se tornou tema de discussão nas redes sociais depois que um cliente da categoria Black do programa Latam Pass relatou a situação em uma postagem. Após o relato, outros passageiros afirmaram ter vivenciado a mesma limitação, ampliando a repercussão negativa do caso e levantando dúvidas sobre a validade da prática.
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Reação pública e posicionamento oficial da companhia
Em resposta ao aumento das reclamações, a Latam confirmou a política e afirmou que a restrição segue um padrão adotado por companhias aéreas em outras partes do mundo. A empresa justificou a medida como uma forma de assegurar mais privacidade e proporcionar uma “experiência adequada ao produto adquirido”, reforçando que está em conformidade com as regras brasileiras.
Segundo a companhia, a restrição não fere normas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A empresa declarou ainda que a padronização do uso dos banheiros faz parte do modelo operacional e contribui para a organização interna da cabine, especialmente em aeronaves de corredor único, onde o fluxo de passageiros costuma ser mais intenso.
O que diz a ANAC sobre a prática
A Agência Nacional de Aviação Civil foi consultada para esclarecer se há regulamentação referente ao uso dos banheiros nas aeronaves operadas no Brasil. A ANAC informou que não existe regra específica que impeça a adoção desse tipo de restrição por parte das empresas aéreas.
De acordo com a agência, a organização interna da cabine, incluindo a definição de quais lavatórios podem ser utilizados pelos passageiros, é responsabilidade das companhias, desde que isso não comprometa a segurança e não gere obstáculos para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A resposta da ANAC reforça que a iniciativa da Latam não viola a legislação vigente, embora não seja uma prática comum entre todas as empresas nacionais.
Quanto custa voar na Premium Economy da Latam
Como o uso do banheiro dianteiro passa a ser um benefício exclusivo da Premium Economy, muitos passageiros têm questionado se o custo adicional vale a pena. Os valores variam conforme datas e rotas, mas algumas simulações recentes permitem observar a diferença de preços.
No trecho entre o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, uma viagem marcada para 9 de dezembro apresenta custo aproximadamente R$ 350 maior na tarifa Premium Economy quando comparada à opção mais básica. A diferença também aparece em outras rotas.
Variação de preços conforme a rota
Um voo entre Brasília e Congonhas, também em 9 de dezembro, mostra aumento de cerca de R$ 200 no valor da passagem para quem deseja viajar na classe superior. Já para uma viagem programada para 7 de abril de 2026, no mesmo trajeto, a diferença fica em torno de R$ 169.
Os valores reforçam que o acesso ao banheiro frontal, embora não seja anunciado como benefício principal, acaba se somando aos serviços diferenciados da Premium Economy, que já incluem poltronas com maior espaço e prioridade no embarque.
Como outras companhias tratam o uso dos lavatórios
Após a repercussão envolvendo a Latam, surgiram dúvidas sobre as políticas das demais empresas brasileiras. A Azul e a Gol afirmaram que não adotam restrições quanto ao uso dos banheiros frontais em voos domésticos. Segundo ambas as empresas, qualquer passageiro pode utilizar qualquer toalete da aeronave.
No entanto, Azul e Gol confirmam que, assim como a Latam, também possuem assentos diferenciados na parte dianteira da cabine, que são vendidos a preços mais altos. Essa prática está relacionada ao conforto e à conveniência, mas não interfere na utilização dos lavatórios.
Diferenças em voos internacionais
Embora o assunto tenha gerado estranhamento no mercado doméstico brasileiro, a divisão do uso dos banheiros por classe de serviço é bastante comum em voos internacionais. Aeronaves com cabines que incluem Executiva, Premium Economy e Econômica geralmente destinam lavatórios específicos para as classes superiores.
Nesses casos, o entendimento é consolidado e aceito pelos passageiros, já que as diferenças de serviço entre as classes são mais significativas. A polêmica envolvendo a Latam surge justamente porque a restrição foi aplicada em voos domésticos, que normalmente têm políticas mais flexíveis.
Impacto na experiência dos passageiros
A decisão da Latam altera a dinâmica interna da cabine e pode gerar mudanças na percepção dos clientes em relação ao serviço. Passageiros frequentes, especialmente os que possuem status elevado no programa Latam Pass, demonstraram insatisfação por não terem acesso a um recurso que antes era liberado para todos.
No entanto, a companhia destaca que a medida busca melhorar a experiência dos passageiros que optam por tarifas superiores, reforçando uma diferenciação que vai além das poltronas. O movimento pode indicar uma tendência de segmentação mais rigorosa dentro do mercado aéreo doméstico.
