Um dos maiores tesouros da antiguidade voltou a ser acessível ao público. O Egito reabriu a tumba do faraó Amenhotep III, localizada no Vale dos Reis, em Luxor, depois de duas décadas de intensos trabalhos de restauração. A cerimônia de reabertura, realizada no último fim de semana, atraiu atenção internacional e marca um momento histórico para a preservação do patrimônio egípcio.
A tumba, de valor arqueológico e cultural inestimável, permaneceu interditada por 20 anos para receber melhorias estruturais e de conservação. O projeto envolveu mais de 260 especialistas de diferentes países, em uma iniciativa que contou com o apoio da UNESCO e financiamento do governo japonês. Agora, turistas do mundo todo poderão conhecer de perto um espaço que guarda a memória de um dos faraós mais poderosos da história.

Quem Foi Amenhotep III
Amenhotep III governou o Egito entre 1390 e 1350 a.C., durante a 18ª Dinastia, um dos períodos de maior prosperidade do império. Seu reinado foi marcado por grandes construções, expansão territorial e uma intensa produção artística. Conhecido como um faraó diplomata, estabeleceu alianças estratégicas e promoveu um período de paz e desenvolvimento econômico.
Ele também ficou conhecido por ser avô de Tutancâmon, um dos faraós mais populares da história egípcia. Apesar de sua importância, a tumba de Amenhotep III permaneceu praticamente desconhecida até 1799, quando foi registrada por exploradores. Ao longo dos séculos, o local sofreu saques, mas ainda guarda vestígios que revelam a grandiosidade de sua era.
A Estrutura Da Tumba
A tumba de Amenhotep III impressiona pela sua arquitetura. Um corredor de 36 metros conduz os visitantes até a câmara principal, localizada a cerca de 14 metros de profundidade. Esse traçado reflete o estilo das sepulturas reais do Vale dos Reis, projetadas para proteger os faraós em sua jornada ao além.
Nas paredes, murais coloridos retratam o faraó em companhia de divindades do antigo Egito e passagens do Livro dos Mortos, uma coleção de textos funerários que orientavam o espírito na vida após a morte. As pinturas, com mais de três mil anos, foram cuidadosamente restauradas para recuperar sua intensidade cromática e preservar os detalhes originais.
O Projeto De Restauração
A intervenção de conservação foi liderada pelo Instituto Japonês de Antiguidades, em parceria com o Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. O objetivo era estabilizar a estrutura, consolidar as pinturas e instalar recursos modernos que garantissem a preservação do local para as próximas gerações.
O trabalho incluiu a implementação de sistemas de ventilação e iluminação, que regulam a umidade e a temperatura no interior da tumba, evitando o desgaste das pinturas. As escavações e reforços estruturais também foram fundamentais para permitir a reabertura segura ao público, que agora pode explorar um dos túmulos mais emblemáticos da antiga civilização.
O Destino Dos Tesouros De Amenhotep III
Grande parte do conteúdo original da tumba não está mais em Luxor. Durante os saques e as escavações do século XIX, diversos objetos foram levados para museus internacionais. Hoje, peças pertencentes ao faraó podem ser vistas em instituições como o Museu do Louvre, em Paris, e o Metropolitan Museum of Art, em Nova York.
A múmia de Amenhotep III, no entanto, permanece no Egito e está em exposição no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo. A exibição do corpo do faraó, junto a outros grandes governantes, integra uma das coleções mais visitadas do país, que busca valorizar a história dos antigos soberanos egípcios.
Vale Dos Reis: Patrimônio Da Humanidade
O Vale dos Reis, onde está localizada a tumba de Amenhotep III, é considerado um dos maiores sítios arqueológicos do planeta. Desde o século XVI a.C., o local foi escolhido como necrópole real, abrigando túmulos de faraós, rainhas e nobres da 18ª, 19ª e 20ª Dinastias. Entre os mais conhecidos estão os de Ramsés II, Seti I e Tutancâmon.
Declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO, o vale recebe milhares de turistas todos os anos. A reabertura da tumba de Amenhotep III amplia ainda mais o interesse internacional pelo sítio e reforça a importância da preservação histórica e arqueológica da região.
Atração Turística E Cultural do Egito
Com a reabertura, a expectativa é de que a tumba se torne um dos principais atrativos de Luxor, cidade já conhecida como o maior museu a céu aberto do mundo. Para o governo egípcio, a retomada da visitação é também uma estratégia de fortalecimento do turismo, setor essencial para a economia do país.
Além de apreciar os murais e a arquitetura milenar, os visitantes poderão vivenciar a atmosfera mística de um dos maiores legados da cultura egípcia. A reabertura é vista como uma oportunidade única de reconectar o presente às raízes de uma das civilizações mais fascinantes da história.
