Para quem desce o Rio Negro, desde sua nascente, a primeira cidade em terras brasileiras é São Gabriel da Cachoeira, no extremo leste do estado do Amazonas.
Com cerca de 42 mil habitantes, São Gabriel da Cachoeira é a cidade com maior número de idiomas oficiais do país: além do português, 3 línguas indígenas são reconhecidas como oficiais: nheengatu, tukano e baniwa. E o motivo para tal fato é muito bem compreendido: a cidade possui a maior população indígena do país, com mais de 20 etnias diferentes.
A cidade também possui a maior Diocese do país, com uma área territorial de 290 mil Km2, supera países como Cuba e Coreia do Norte. Para se ter uma ideia, a Itália tem uma área de 301.388 Km2 .
Como chegar a São Gabriel da Cachoeira:
São Gabriel da Cachoeira está a 850 Km de Manaus, e o acesso à cidade ocorre somente por via fluvial ou por via aérea. Para quem opta pela via fluvial, são entre 3 e 4 dias de viagem.
Já quem pretende viajar por via aérea, não deixe para comprar as passagens na última hora. São poucos voos regulares e a cidade é bastante procurada por turistas. A MAP Linhas Aéreas faz os voos regulares para São Gabriel da Cachoeira, com partidas de Manaus.
O que fazer em São Gabriel da Cachoeira:
A cidade é ideal para quem gosta de contato com a natureza e quer experimentar costumes exóticos.
Uma das principais atrações do município é o Parque Nacional do Pico da Neblina, onde se localiza o pico mais alto do Brasil (ah… são necessárias cerca de 8h de barco para chegar ao local). Dentro desse parque está a Reserva Biológica Estadual Morro dos Seis Lagos, cujos espelhos d´água variam de cor, dependendo do tipo de mineral do local.
Uma outra elevação muito procurada é o Morro da Bela Adormecida, localizado às margens do Rio Negro. Chega-se até lá por meio de voadeiras.
Na parte urbana do município, vale muito a pena subir o Morro da Fortaleza. Nele há 14 painéis em azulejos, representando a via crucis. Durante a semana santa, uma procissão ocorre no local, terminando na Capela Nossa Senhora Auxiliadora, localizada no cume da montanha.
Entre os meses de setembro e janeiro, com a redução do volume de águas, prainhas aparecem na região. A mais badalada delas é a Praia Grande, que recebe grande número de frequentadores nos fins de semana. As águas, contudo, são bastante frias, devido ao degelo de afluentes da Cordilheira dos Andes.
O artesanato local é outro atrativo diferencial. Como a cidade é formada por várias etnias indígenas diferentes, cada uma produz peças específicas. Assim, é possível comprar baianos e raladores de mandioca dos baniwa e dos dessana; flauta de plã dos akus; canoas dos baré e dos tuyucas…. além de grande diversidade de peneiras de cipós, pilões, pulseiras e colares de contas de lágrima e de penas, cestos de palhas e várias outras peças. No mês de setembro ocorre o Festribal, o Festival Cultural das Tribos do Alto Rio Negro, com atividades esportivas, danças, culinária típica e até rituais. O Festribal tem como objetivo a valorização e promoção das tradições indígenas.
Culinária local:
Como não poderia ser diferente, a culinária local é baseada em pratos indígenas, com destaque para peixes, farinha e mandioca (o tucupi é muito empregado no preparo de muitos pratos). A taioba também é bastante presente na culinária local.
Ah… e não se assuste; por lá, formigas maniuara são usadas na alimentação (refogadas com alho e cebola ou usadas em farinhas) e podem ser compradas em saquinhos, sequinhas!
Uma curiosidade…
Em 2018, a Unicamp realizou o 1º vestibular indígena em São Gabriel da Cachoeira.
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